quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Em Terra de Lama Quem Tem Paz é Buda


Chegamos à Dharamshala. Vindo de Rishikesh são 474 km e a viagem durou vinte e quatro horas. Boa parte desse tempo em que eu não estava dormindo eu fui me perguntando por que eu faço essas coisas comigo mesma. Na hora que a gente chegou na estação, ainda em Rishikesh eu já tinha me arrependido, a sujeira que era, cheio de porcos enormes e pretos procurando comida, muitas moscas e gente jogada no chão, tudo junto. na hora em que pus meus olhos no trem eu pensei, ferrou. Eu tinha me cansado bastante para conseguir dormir, fui dormir tarde, acordei as 4:30 para a meditação da manhã, fiz duas aulas de yoga seguidas e bati perna o dia inteiro. Daí no trem as coisas foram piorando, chegam os nossos companheiros de banco. São dois bancos um de frente para o outro e cabem seis pessoas ocidentais. Eu digo ocidentais porque se deixar os indianos vão se espremendo e onde cabem três cabem sete. Daí tem o banco " térreo" onde vai dormir uma pessoa e o encosto vira uma outra cama, além da 3a cama em cima. O trem já era sujo o suficiente, nossos vizinhos não paravam de comer quitutes fedorentos. Eu já estava cansada, com nojo e de saco cheio porque só tinha eu e o francês de estrangeiros e as pessoas ficam encarando como se eu fosse uma alien, quando eu vejo um ratinho passando do lado da minha mala. Eu só tive tempo de colocar os pés para cima, enfiei minha cabeça no meio dos meus joelhos e comecei a chorar. De cansaço, de nojo, de saudade... O francês ficou com tanta pena, pegou o saco de dormir dele para eu usar de travesseiro e eu fui para a terceira camada de cama lá em cima dormir. O medo que eu tenho de rato é uma coisa inexplicável. Quando alguém me fala que tem fobia de alguma coisa, nem que seja de borboleta eu super entendo. Medo é medo, eu nunca vi ninguém ser atacado por uma borboleta, não precisa ter passado por um evento, o mais perto que eu cheguei de um rato foi ali, no vagão e mesmo assim tenho esse pavor gratuito com os bichinhos. Depois desse trem teve outro trem que a estação passou e não tem como saber e nós não vimos, é meio na adivinhação. Depois um ônibus daqueles com emoção e que parava a cada quinze minutos, para quem tem essa encanação dá para dizer que eu vi a "Índia real". Eu digo encanação porque eu não acho que tem que se meter em uns buracos para ver como o povo vive, todos os lugares têm vários aspectos e há muitas maneiras diferentes de viajar. Eu estava conversando com os japoneses e o menino falou que queria ir lá para não sei onde ver como o povo indiano realmente vive. Vive mal, na sujeira, isso eu já vi. Eu falei que queria ver uns indianos ricos porque eu não vi nenhum e queria saber como eles vivem também. O bom é que eu estou gostando daqui. Tem que caminhar loucamente para cima e para baixo mas o ar é muito puro e é bem menos sujo que Rishikesh. Os lugares são limpos mas os quartos invariavelmente cheiram a mofo porque é super úmido, cheio de córregos e quedas d'água. Tem bastante estrangeiros, mas é um nível de desencanação! Eu estava tentando achar algumas meninas menos sujinhas para elas me indicarem algum hostel mas as que eu achei falaram que o delas não era muito limpo. Difícil achar uma patricinha por esses lados para dar uma referencia aqui! Mas sem querer eu achei a Lucy, uma chinesa que estava no ashram em Rishikesh e nos encontramos. Já estou local! A gente foi junto na residência do Dalai Lama, ele não estava, acho que ele esqueceu do nosso encontro marcado...
Fotos abaixo: os macacos e porcos, parece um zoológico mas é a estação de trem. Foto do trem que parece uma prisão, do ashram que os Beatles ficaram quando estiveram em Rishikesh e agora esta abandonado mas um povo foi lá e pintou em uma das galerias.

Um comentário:

  1. Ai Re, tambem acho que nao precisa se meter nesses buracos para entender a mentalidade do povo...sai dessa!
    Saudadonas de voce! Sonhei que tinha te encontrado e voce tava com esse pescoçao de girafa toda sorridente.
    Bjao

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