sábado, 24 de novembro de 2012

Dez Coisas Que Eu Odeio em Mim


Ano velho, psicólogo novo. Além de eu não poder me dar ao luxo de ir na minha antiga por ela ser muito cara eu, desempregada, estava há tempos querendo alguém que não ficasse só investigando sentimentos, cavoucando traumas e revendo processos mentais porque o que eu venho buscando é transcender a minha mente. Ah, a mente! Essa bitch voz incessante dentro da minha cabeça e não é esquizofrenia, o rádio que toca as canções mais bizarras, a pior conselheira e a mais atribulada maquininha de julgar. Devia ser Livrai-nos de nossa mente, amém, a oração. 
E aí que o psico novo me fez escrever dez defeitos e dez qualidades do meu pai. É, tadinho,  a gente vai começar com ele. Eu falei que a minha mãe ia ficar feliz porque segundo ela absolutamente tudo é culpa da mãe. Seu computador quebra,  o que foi? A placa-mãe! A língua materna, a pátria-amada-mãe-gentil! Mas depois vai ter uma hora que aí que eu vou ter que pedir para três amigas para elencarem também a minha lista. Eu pressinto que a minha situação não vai ser das mais favoráveis pois vou ter que lidar com trinta defeitos discutidos e discorridos com o cara novo depois, pois eu não tenho direito à defesa na frente das minhas escolhidas. Será que se eu pedir para uns amigos homens eles pegam menos pesado? 
Pois eis que eu resolvi começar eu mesma, que além de ser pró-ativa eu vou me preparando. Na verdade resolvi ver dez coisas que eu não gosto em mim ou na minha vida, ou que eu não quero mais brincar 
1- Eu não gosto do fato de eu não ter um gato. Até porque muito provavelmente eu vá mesmo ser uma tiazinha solteira para o resto da vida então é melhor comprar uma capa para o sofá e encarar de vez o destino de ser a velha louca dos gatos. Prometo começar com um só. 
2- Não gosto de não ser rica, milionária. 
3- Eu ter tido múltiplos interesses na vida foi muito legal mas eu nunca foquei muito em uma coisa, já fiz um monte de curso caro e acabo não os usando. Fico me sentindo uma pessoa que sabe um pouquinho de um monte de coisas mas profundamente sobre nada, fora a grana gasta e o tempo que parece desperdiçado. 
4- Celulite
5- A minha indecisão. Ter mais de trinta e ainda não ter certeza do que quer ser quando crescer é super cansativo. Mudar de idéia quinze vezes em dez minutos também não é um índice do qual eu me orgulhe. 
6- Não ter atingido a iluminação. Eu estou lendo um livro que o cara disse que passou por uma fase depre e de repente se deu conta da felicidade e se iluminou mas que foi tudo muito fácil e indolor. Parece assim que ele está contando conseguiu cagar depois de ter ficado uns dias se ir ao banheiro. Também tive um momento psicose feelings quando o meu psicólogo novo disse que ele atinge o êxtase muito facilmente. Eu fiquei olhando para a cara dele, eu nunca. Será que só eu preciso sentar a bunda e meditar loucamente, ler tudo que me aparece na frente sobre os caminhos da iluminação,  pastar na Índia e ainda não conseguir? 
7- Eu queria muito não gostar de doce. Nem nunca ter experimentado o capuccino da Kopenhagem. 
8- Eu queria um armário novo. Ou que todas as minhas roupas ficassem magicamente maravilhosas em mim. 
9- Eu odeio o fato de eu gostar de ter um relacionamento. Eu queria simplesmente QUERER ficar sozinha, mas alguma coisa dentro de mim quer, apesar de eu ser tão comprovadamente ruim nisso, ainda quer ter alguém e me sinto boba, frustrada e cansada por isso. 
10- Eu não quero mais me identificar com os meus sentimentos. Eu quero entender na prática que os meus sentimentos não sou eu e que os meus pensamentos não me definem. Eu quero me amar loucamente apesar das coisas que eu não gosto, quero ser a expressão máxima do meu melhor. 
Também não vejo muito o porquê das listas terem que ter dez itens, se eu encontrar uma numeróloga um dia na vida essa vai ser uma das perguntas, qual é a das pessoas e suas listas de dez? Acho que é porque temos dez dedinhos na mão, sabe quando você vai falando com raiva os defeitos para a pessoa e contando nos dedos? É isso, dez, acabaram-se os dedos. 




segunda-feira, 24 de setembro de 2012

De Volta à Volta


De volta para Rishikesh que começou o curso. A volta foi surpreendentemente mais fácil, em termos indianos, claro. Isso entra ter que atravessar a estação de trem pelos trilhos do trem. Ainda bem que uma boa alma de um cara me ajudou a carregar minha mala. Eu estava em um vagão com ar condicionado e além de não ter ratos tinha lençóis LIMPOS. Foi a primeira vez que eu vi lençóis tão limpos na India. Mas, (sempre tem um "mas") a espera na estação teve um episódio que merece uma narração. Aqui na Índia não tem papel higiênico em nenhum lugar, hotel nada. Muito menos lixinho no banheiro. Eu sempre me perguntei como elas faziam para jogar os absorventes fora, até que eu fui no banheiro da estação de trem, que é pago por sinal, e achei a solução encontrada pelas indianas para tal dilema: elas colam o absorvente usadinho atrás da porta do banheiro, não é genial? Eu podia ter passado a vida sem ter tido essa visão.
O curso está sendo bem legal, mas o ashram é longe de tudo e estou uma excluída digital. Tem uma salinha cheia de computadores velhos com internet, mas fica aberta só em certo horários e na maioria deles eu esto em aula. Como eu voltei para uma cidade que eu já estava e fico metida o dia inteiro no ashram fazendo curso não tenho muita novidade. O curso tem mais três brasileiros além de mim, somos a maior comunidade aqui! Tem três senhoras da Malasya que são mas fofas, super engraçadas e elas vão para Delhi logo depois do curso, eu vou com elas e a gente vai de lá para Agara para ver o Taj Mahal. Volto para o Brasil no começo de outubro e já estou contando os dias olha que coisa! É como se fosse férias ao contrário. Sempre que o povo vai sair de férias fica contando os dias, eu esto contando os dias para voltar!
As fotos são de Dharamshala ainda pois não andei tirando muita coisa nova e do pessoal do curso quando fomos jantar.

domingo, 16 de setembro de 2012

Shana Tova Úmido

Descobri que hoje é o ano novo judaico, por isso isso aqui está parecendo uma colônia de férias para jovens Israelitas desencanados. Eu ainda não tive paciência de perguntar qual é, se Dharamshala está na moda ou se é muito barato e perto vir para cá porque eles só andam em grupo. E também que esse tipinho neo-hippie já me deu, tudo bem que deve ser mesmo mais fácil manter um cabelo que você não lava aqui e um visual sujinho dado ao barro do lugar, mas acho que os anos de Unicamp eu já tive a minha cota de mundrungos.
Aqui é de uma umidade que faz Ubatuba parecer um deserto mais a porquice indiana, então tudo cheira a mofo, até meus pensamentos estão mofando. Eu fui falar para o dono do hotel que o quarto cheirava mal e ele me falou que eu precisava fazer mais reiki. Reiki, sei. Eu peguei minha malinha e fui para outro lugar mais barato, menos barulhento e tão sujo quanto.
Para não falarem que eu só falo das coisas ruins daqui, vou falar de coisas de que acho boas: as crianças são muito livres, andam e brincam por ai sozinhas. Também é muito seguro, você não ouve falar de assalto e eu me sinto segura. Também tem coisas que eu peço no restaurante que em São Paulo iam achar a maior esquisitisse aqui é normal. Se bem que pedir comida é sempre uma emoção, depois de muito custo aprendi algumas palavras do cardápio essenciais para a sobrevivência, tipo queijo, batata. Não que isso ajude muito pois entre pedir e a comida que você receber são muitos alinhamentos cósmicos para os indianos darem conta. Tipo o macarrão com cogumelos e molho de tomate que eu pedi e veio um lindo molho branco. Estava bom, mas é engraçado para um prato que chama "Panna Fungi & Salsa Rosa". Tem uma padaria que o queijo quente não vem quente. Eu já to numas de virar para o garçom e dizer escolhe aí você mesmo e me dá qualquer coisa que não venha cheia de pimenta, vai. Contando que não tenha ratos ou que eu eu não os veja ta no lucro.
Eu estou aqui nessa minha jornada de auto conhecimento e sinto que já alcancei um pouco dessa busca pessoal. Tipo, eu descobri que toda vez que eu como pimenta meu nariz escorre, que não importa que buraco eu me enfie, eu sempre acho umas coisinhas para comprar e algum lugar com wifi.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Em Terra de Lama Quem Tem Paz é Buda


Chegamos à Dharamshala. Vindo de Rishikesh são 474 km e a viagem durou vinte e quatro horas. Boa parte desse tempo em que eu não estava dormindo eu fui me perguntando por que eu faço essas coisas comigo mesma. Na hora que a gente chegou na estação, ainda em Rishikesh eu já tinha me arrependido, a sujeira que era, cheio de porcos enormes e pretos procurando comida, muitas moscas e gente jogada no chão, tudo junto. na hora em que pus meus olhos no trem eu pensei, ferrou. Eu tinha me cansado bastante para conseguir dormir, fui dormir tarde, acordei as 4:30 para a meditação da manhã, fiz duas aulas de yoga seguidas e bati perna o dia inteiro. Daí no trem as coisas foram piorando, chegam os nossos companheiros de banco. São dois bancos um de frente para o outro e cabem seis pessoas ocidentais. Eu digo ocidentais porque se deixar os indianos vão se espremendo e onde cabem três cabem sete. Daí tem o banco " térreo" onde vai dormir uma pessoa e o encosto vira uma outra cama, além da 3a cama em cima. O trem já era sujo o suficiente, nossos vizinhos não paravam de comer quitutes fedorentos. Eu já estava cansada, com nojo e de saco cheio porque só tinha eu e o francês de estrangeiros e as pessoas ficam encarando como se eu fosse uma alien, quando eu vejo um ratinho passando do lado da minha mala. Eu só tive tempo de colocar os pés para cima, enfiei minha cabeça no meio dos meus joelhos e comecei a chorar. De cansaço, de nojo, de saudade... O francês ficou com tanta pena, pegou o saco de dormir dele para eu usar de travesseiro e eu fui para a terceira camada de cama lá em cima dormir. O medo que eu tenho de rato é uma coisa inexplicável. Quando alguém me fala que tem fobia de alguma coisa, nem que seja de borboleta eu super entendo. Medo é medo, eu nunca vi ninguém ser atacado por uma borboleta, não precisa ter passado por um evento, o mais perto que eu cheguei de um rato foi ali, no vagão e mesmo assim tenho esse pavor gratuito com os bichinhos. Depois desse trem teve outro trem que a estação passou e não tem como saber e nós não vimos, é meio na adivinhação. Depois um ônibus daqueles com emoção e que parava a cada quinze minutos, para quem tem essa encanação dá para dizer que eu vi a "Índia real". Eu digo encanação porque eu não acho que tem que se meter em uns buracos para ver como o povo vive, todos os lugares têm vários aspectos e há muitas maneiras diferentes de viajar. Eu estava conversando com os japoneses e o menino falou que queria ir lá para não sei onde ver como o povo indiano realmente vive. Vive mal, na sujeira, isso eu já vi. Eu falei que queria ver uns indianos ricos porque eu não vi nenhum e queria saber como eles vivem também. O bom é que eu estou gostando daqui. Tem que caminhar loucamente para cima e para baixo mas o ar é muito puro e é bem menos sujo que Rishikesh. Os lugares são limpos mas os quartos invariavelmente cheiram a mofo porque é super úmido, cheio de córregos e quedas d'água. Tem bastante estrangeiros, mas é um nível de desencanação! Eu estava tentando achar algumas meninas menos sujinhas para elas me indicarem algum hostel mas as que eu achei falaram que o delas não era muito limpo. Difícil achar uma patricinha por esses lados para dar uma referencia aqui! Mas sem querer eu achei a Lucy, uma chinesa que estava no ashram em Rishikesh e nos encontramos. Já estou local! A gente foi junto na residência do Dalai Lama, ele não estava, acho que ele esqueceu do nosso encontro marcado...
Fotos abaixo: os macacos e porcos, parece um zoológico mas é a estação de trem. Foto do trem que parece uma prisão, do ashram que os Beatles ficaram quando estiveram em Rishikesh e agora esta abandonado mas um povo foi lá e pintou em uma das galerias.

domingo, 9 de setembro de 2012

Karma Yoga for Dummies

Aos domingos não temos as atividades da semana no ashram, meditação, aulas de yoga, palestra. Aí ontem o professor me vira e fala: amanhã de manhã temos Karma Yoga, que é um tipo diferente de prática. Ok, seis e meia da manhã, repetindo, seis e mia da manhã de um domingo, estou eu lá e o pessoal começa a trazer balde, aspirador de pó, panos. É para a gente limpar o lugar! Karma Yoga, aprenderam essa, crianças? Quando eu for pedir um favor para alguém vou dizer: Você quer praticar Karma Yoga? Eu iria com a pureza do meu coração fazer o trabalho desinteressado, eu já havia me preparado para isso e sabiabque ua acontecer em um ashram, mas chamar de Karma Yoga é uma coisa que só na Índia mesmo.
Para ir do meu quarto ao lugar onde é o salão de meditação ou as aulas de yoga, eu tenho que subir por um caminho que tem grades ao lado e em cima, fechando o caminho todo e não tinha entendido o por quê. Até outro dia quando eu estava andando e tinha muitos, mas muitos macacos na grade fazendo macaquisse. Até aí tudo bem eu fiquei olhando, "que fofos, os filhotinhos", parecia até um zoológico, quando eu vejo uma pedra, de um tamanho bem bom que um dos danadinhos arremessou! Em mim, uma praticante de Karma Yoga!! Outra hora eu estava sentadinha esperando a meditação começar e um deles passou, solitário. Ele olhou uma das torneiras do jardim, abriu e começou a beber água, parecia gente! Tudo bem que ele não fechou eu achei isso extremamente anti-sustentável da parte dele. Quem quer que seja que não acredita em Darwin (como se fosse uma coisa para não acreditar) nunca observou um bando de macacos por um tempo. Aqui então, eu ando achando os macacos super mais mentalmente evoluídos que muita gente, mesmo jogando pedra e tudo. Eu fico repetindo para mim mesma, tentando me convencer: é cultural, é cultural, Renata. Mas cada coisa... Que nem uma mania engraçada de balançar a cabeça para os lados que ela têm, mas não como se estivesse dizendo não, é como se estivesse alongando as orelhas, só que abrandando bem rapidinho. Mas isso eu já sabia, tinha até naquela novela das Índias, agora, o que eles fazem muito é te responder que sim mas fazer não com a cabeça! Eu me sinto falando com o Chaves. Dialogo entre Chaves e Chiquinha.
Agora eu fiz uns amiguinhos lá do Ashram, inclusive ontem fomos a um restaurante com apresentação de música. A música era legal e eu estava morrendo de fome, nosso grupinho consistia em uma menina japonesa super querida, Taeko, um menino japonês super engraçado que imita os indianos falando e a gente morre de rir e o Bruno, um cara francês daquele que já desencanaram da vida, já morou no Nepal, aqui na India... Bom, aí que eu estava super curtindo a comida, o Bruno vira e fala - olha um rato e cai na risada. Incrível como fome pode ser muito psicológica mesmo, naquele segundo a minha fome passou! Mágica!
Eu estava querendo muito ir para Dharamshala, uma cidadezinha aqui mas o cara da agência de viagens falou que o ônibus demorava 14 horas e que não tinha trem direto. 500km em quatorze horas, na Índia? Minha vontade passou na hora, como mágica. Bem que tinham me falado que a Índia é uma terra magica! Mas eu comentei com o Bruno e ele está indo para Dharamshala na Terça, de trem depois ônibus. Vai ser uma missão, mas pelo menos vou com uma pessoa que já conhece. Essa é a cidade que o Dalai Lama mora quando não esta viajando pelo mundo, ou seja quase nunca.

Num dos meus últimos dias na Thailandia eu vi umas meninas correndo descalças, mas correndo mesmo, na pista de corrida. Eu comentei coma minha professora de massagem e ela disse que é muito melhor assim, que a gente inventa de colocar tênis e o corpo vai se acostumando até que a gente acha que se não usar tênis não vai ter amortecer o suficiente mas que o corpo foi feito para isso mesmo. Eu achei pertinente. Aqui na Índia eles não usam muito calçado algum, só que o que eu vejo de gente torta, tudo manquetola! Então não sei se concordo mais com o pézão no chão o tempo todo. E também que nojo andar descalça aqui, os germes vão entrando até no meu pensamento. Eu não posso nem falar muito nisso que eu estou de luto, eu tomei uma chuva daquelas de ensopar outro dia e nem a impermeabilidade do meu tênis resistiu. Eu até aproveitei para dar uma lavada nele, mas como demorou muito para secar ele esta com cheiro de cachorro molhado que dor no coração! Pois é, sou apegada no bichinho mesmo! Nele e na saúde dos meus pés e minha saúde mental do nojinho que eu fico de pisar nessa imundície. Aqui nesse país todo espiritualizado, eu fico tendo esses pensamentos muito elevados, pão de queijo na chapa com requeijão, usar salto alto, ir ao cabeleireiro, pintar as unhas de vermelho, arroz e feijão só de lembrar quase choro. Eu acho que as pessoas falam que a India ajuda a elevar o espirito porque aqui precisa de tanta, mas taaaanta paciência para tudo e qualquer coisa que depois tudo parece fichinha. Quando escutava história de gente que chegou e foi embora imediatamente, no próximo vôo e pensava, nossa mas que povo intolerante! Pessoal que foi embora, agora eu os entendo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Sagrada Irritação

O que dizer da Índia? Eu estava achando que eu era uma fresca de não estar gostando, de estar me sentindo irritada, frustrada, mas ai eu estava no único lugar com wifi da redondeza e chegaram duas alemãs com uma cara de quem tinha pisado em cocô descalça mas estavam cansadas demais para fazerem alguma coisa. Na hora que faltou luz, coisa mais comum aqui, acontece várias vezes por dia, a gente começou a conversar e falamos de como esse país estava sendo frustrante, e foi aquela sessão terapia coletiva então não sou só eu.
Eu estou aproveitando algumas coisas daqui, tipo ir em um médico Ayverdico e numa astróloga. A consulta com a astróloga durou cinco horas, eu já não agüentava mais falar e escutar sobre mim mesma, já estava quase perguntando se a gente podia mudar de assunto. Ela disse que eu sou médium, sei. Todo mundo se acha médium. Na outra vida todo mundo foi um grande rei, um guerreiro, nunca vi ninguém falando que foi um vendedor de frutas, pipoqueiro, ladrão... Ela disse que eu tenho um espírito antigo. Sim, meu espírito está mesmo para uma velha, daquelas bem reclamonas. A menina alemã disse que precisa de umas três semanas para as coisas assentarem e começar a gostar daqui. A Carol também me escreveu que as vezes a gente precisa do caos para colocar tudo em ordem. Eu concordo. Que nem quando vamos arrumar o armário, tem que tirar tudo, fazer aquela bagunça para colocar tudo no lugar. Eu nem acho que eu esteja tão bagunçada assim para precisar de todo esse caos, mas ok. A astróloga me disse que eu tenho que me amar e me aceitar incondicionalmente para poder amar aos outros seres humanos. Só que o fofo que inventou o amor universal não esteve na Índia. Como amar o desgraçado que passa de moto buzinando alto e incontrolavelmente na contra mão em uma ponte que supostamente é só para pedestres? E milhares deles fazendo isso tudo junto? Num país que o rio, a comida é sagrada, as vacas, os ratos são sagrados eles bem poderiam considerar as mulheres sagradas, por exemplo. Isso seria louvável ao invés de tratá-las como lixo. Ou considerar sagrado o seu próprio país e não jogarem tanto lixo em qualquer lugar, mesmo no sagrado rio. Mas aos poucos, beeem aos poucos eu vou ficando menos irritada. A Índia é a Ásia na sua expressão máxima. Eu contei aqui que os Balineses eram super enxeridos, na verdade eles são seres reclusos perto dos indianos.
Eu gosto muito dessas figuras representativas da força das águas, já escrevi carta para Iemanjá e ela super me atendeu. Aí eu estava de manhã na margem do Ganges com a minha cartinha na mão, em forma de barquinho, que a astróloga falou para eu pedir para o Ganges que ele dá, senta um indiano do meu lado e começa a puxar assunto. Depois das perguntas básicas iniciais, de onde eu era, se era a 1a vez na India, qual hotel e tal ele perguntou que horas eu acordava, que horas eu ia dormir e coisas do gênero. Aprofundou muito mais! Eu muito educadamente falei para ele que era um prazer conhecê-lo mas que eu estava no meio da minha meditação, ele pediu mil desculpas e saiu sem se ofender, pois eles respeitam muito isso. E toda vez que eu ponho os pézinhos para fora do quarto eu tenho que assinar um caderno com meu nome, país, horário de saída e propósito (se vai no yoga ou jantar por exemplo) É a institucionalização da enxeridisse! Eu estou muito, mas muito tentada a escrever em Propósito: "encontrar a paz interior" ou "também estou me questionando se há algum". ÓBVIO que eu já perguntei para o baixinho da recepção para que servia aquilo, ele disse que a policia pode usar se a pessoa tipo vai embora do país. Ah, tá! Até porque se está escrito ninguém mente né? E quando eu mudei de quarto tive que fazer todo o check in de novo e escrever meu endereço mil vezes eu falei por que você precisa do meu endereço tanto? Ele: Eu escrever carta para você! Hahaha pronto, podem começar a gostar dele.
Mas uma coisa boa daqui, a maioria das coisas que eu falo no Brasil e as pessoas não fazem idéia do que eu estou falando aqui faz parte do dia a dia deles. Eu estava no restaurante e como não sei desvendar o cardápio ainda eles fazem uma consultoria, aí eles me sugeriram alguma coisa com alho, óleo (acredite não era macarrão ao alho e óleo, esses eram só dois dos mil temperos do tal prato) e eu falei que o médico disse que eu estou com Pitta muito alto, rapidinho eles escolheram meu prato, falaram que não iam colocar isso e aquilo, muito eficiente. A vontade de ir embora mais cedo ainda não passou, mas estou conseguindo não ficar tão irritada nem querer matar ninguém. Já é um começo.

sábado, 1 de setembro de 2012

A Sorte, essa meretriz


Uma vez eu vi um filme bobo ai, comediazinha romântica que a moça falou que ela ficava no jardim procurando as joaninha e não achava, quando ela desistia ou dormia, aí uma pousava nela. A sorte as vezes é assim. No meu ultimo dia na Thailandia eu achei 50 dinheiros no chão. Tudo bem, não é muito, mas já dava para comprar um café. No aeroporto achei uma revista Elle inglesa, desse mês! Foi tanta emoção! Eu estava sonhando com a Vogue, mas a Elle achada já superou as expectativas. Eu tinha reservado um motorista para me levar de Nova Delhi até Rishikesh por ser o jeito mais rápido, mais seguro e não era nada caro. A outra opção era um daqueles ônibus que a gente vê em filme, com galinha e tudo. Até porque aqui na Ásia você faz 300 Km em umas sete horas. Eu ja fiz 400 Km em 18 horas. De carro, de ônibus demora mais e eu não estava animada desse tanto para já ter uma experiência completa assim logo nas primeiras horas, estar aqui já é o bastante. Enfim, era para o cara estar lá me esperando com uma plaquinha com o meu nome. Eu esperei um pouquinho, ele não chegava eu fui andar um pouco e quando eu vi eu tinha saído de dentro do aeroporto e o guarda gentilmente me disse que eu não podia voltar mais. Aí foi delicia! Para entrar de novo tem que pagar, mas não pode entrar com as malas. Toca andar até lá não sei onde para deixar as malas. E tinha que ficar com a minha mochilinha de mão porque onde deixa as malas não pode deixar câmera, tablet então deixei só as minhas duas malas, ok. Só que quando eu volto o moço falou que eu não podia entrar nem com a mochilinha, olha o impasse, não pode entrar nem guardar a mochila. Ou seja, na primeira meia hora que eu pus os pés no pais eu já me deparei com a famosa burocracia indiana, que faz qualquer ato aparentemente simples se transforme em uma missão. Mas deu tudo certo, tanto que eu não estou até agora em Delhi, morando no aeroporto. O carro não tinha retrovisor do lado do passageiro, que é bobagem. Nem o de dentro. Retrovisor é para os fracos! Para que ficar olhando para trás, para o que já se foi? Para frente é que se anda! E buzinando bastante que é para anunciar ao futuro que se está passando! O vidro da frente estava trincado, fora a a estrada e o transito, que não vou nem comentar. Me senti super segura. Eu tinha tentado me preparar para a Índia, li, conversei, me correspondi com as pessoas e sempre que durante esses dois meses viajando pela Ásia acontecia alguma coisa bizarra eu pensava, na Índia vai ser pior. Estou que nem o povo no Brasil, qualquer coisa que acontece as pessoas falam, "imagina na Copa?"
Mas nada, fotos, vídeos, livros, nada te prepara o suficiente para o que é aqui. Eu sabia que ia ser sujo, imundo mas mesmo assim a porquice é impressionante. É sujo nos mínimos detalhes, é minuciosamente sujo. Aqui é facinho de fazer dieta. Tirando o aeroporto, eu estava esperando algo do tipo rodoviária terminal parque Dom Pedro, mas era ok. Não adianta, não teve buraco que eu tenha ido que não me dê vergonha de Cumbica. Imagina na Copa?!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Farang pescoçuda

Eu ia colocar o título do post de Bye Thai II mas né? Aproveitando que finalmente fiz alguma coisa turística aqui na minha vila, falemos disso. Fomos ver as mulheres de algumas tribos que são refugiados políticos de Myamar. Fomos numas, eu me juntei a uma excursão que chamava Golden Triangule, onde era produzido ópio no delta do rio Mekong. Do outro lado do rio é Laos e mais para lá é Burma, se eu entendi bem, quem quiser está lá a wikipedia, está lá o Google. A coisa toda é que o povo foi ver isso e eu só queria saber dos pescoços. O guia disse que elas começaram a colocar os anéis em volta do pescoço para proteção contra mordida de leão. Oi? O guia era um querido e tinha um pessoal muito engraçado na turminha da excursão, que caíram matando perguntando por que os homens não usavam os tais colares também, se leão só mordia pescoço e outros comentários engraçadinhos que não me ocorrem agora. As vezes ele quis dizer vampiro e o inglês dele não tava bom... Eu tenho para mim que alguma inventou a moda e não importa o quanto no meio do nada a pessoa viva, a imposição estética não tem limites. E quem quer que seja que comece a julgar vai sempre achar alguma coisa na própria cultura que também é bizarro, o tanto que brasileira é pirada em depilação, magreza, cor, é só pensar que acha. Nesse mesmo passeio tinha uma outra tribo que legal era ter os dentes pretinhos, na outra orelhas com uns alargadores de dar inveja a qualquer mudérno da Augusta, que eles acreditam dar sorte. Abaixo vão fotinhos ilustrativas, inclusive de mim mesma dando uma de farang girafuda, uma vez que mamãe nem o namo têm feicebuqui (farang é gringo em Thai). Amanhã eu chego na Índia, oremos.


domingo, 26 de agosto de 2012

Pensamentos Esparsos de uma Viajante

Há varias coisas que eu adoro em ser filha dos meus pais, mas após passar dois dias e meio com dor de cabeça eu xingo a genética que eu herdei da minha mãe. Não tenho muita novidade para contar por isso escrevo aqui alguns pensamentos:

Assim como a gente acha os orientais todos parecidos eles nos acham igualzinhos. Tenho certeza.

As pessoas não querem notícias, elas querem atenção. Se eu falo lê lá o meu blog elas me dizem: Ah conta alguma coisa por aqui. Portanto ninguém esta muito aí para como eu estou, mas como eu estou em relação a elas. Eu concordo, o amor precisa de reafirmação e customização.

Só tem um jeito de eu não me perder: fazer o mesmo caminho. Se eu faço o mesmo caminho eu não descubro lugares novos então eu me perco.

Meu pai me ensinou a ir ao banheiro do restaurante antes de comer, se for sujo, foge. Aqui na Ásia eu aprendi a ir depois, senão eu não como.

As ocidentais querem parecer mais escuras e as orientais querem parecer mais claras. Ou seja, ser complicada e insatisfeita é uma condição feminina. Me incluo.

O uso de talheres é particular para cada país. Os indianos consideram uma heresia tocar o alimento, que é sagrado, com outra coisa que não seja sua mão direita. Aqui na Thailandia quando você pode um sanduíche vem garfo e faca, todo o resto vem garfo e colher. Eu já estou quase indo embora e não aprendi usar garfo e colher.

O transito parece ser um reflexo do subdesenvolvimento do pais. Principalmente em relação ao respeito aos pedestres.

Arroz é o único denominador comum que eu encontrei em todos os países para qual eu já fui nessa vida, na Ásia ainda mais,até no café da manhã eles comem. Arroz, amor e suas dificuldades são universais.

Passagem comprada para a Índia para o final da semana que vem, uhuu!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Boca Santa

O que eu disse? Eu não falei?
Eu esqueci meu guarda-chuva em casa, choveu! Como eu estava numa lojinha esperando passar um pouco a chuva eu tirei umas fotos. Também não queria passar por mentirosa e estão aí as provas.


domingo, 19 de agosto de 2012

Querido Murphy

A Thailandia tem duas estações: quente seco e o quente e úmido, que é conhecido como monções. Como eu já estava cansada de me molhar que chovia todo dia, eu comprei um guarda-chuva. O que aconteceu? Não choveu nunca mais. Até ameaçou, mas nada. Eu tenho CERTEZA que assim que eu tirar o guarda-chuva da mochila vai chover. Eu fico até me sentindo culpada se houver pouca chuva e atrapalhar as plantações de arroz então eu fico nesse dilema entre carregar a sombrinha para cima e para baixo e ser responsabilizada pelo aquecimento global ou não levar e me molhar. Na verdade a lei de Murphy tem incidido nessa viagem de forma poderosa. Eu sempre prefiro andar a pé, mas se por algum motivo resolvo pegar uma condução, claro que não tem nenhuma. Quando eu não quero é tuktuk para todos os lados, os caras gritando para mim. Se eu tenho postais escritos e com selo dentro da mochila, cadê uma caixa de correio? Elas só milagrosamente aparecem quando eu não preciso mais. O melhor foi o restaurante que eu queria fazer o curso de culinária, eu olhei o mapa e achei complicado de chegar, deixei para outro dia. Sem querer olho, opa! O restaurante está bem na minha frente! Agendei a aula para o dia seguinte e voltei sem maiores problemas para a casa. No outro dia de manhã eu achava o Osama mas não achava o lugar. O jeito foi pegar um táxi, ai que previsível, não aparecia nenhum. Eu falo táxi também por falta de palavra melhor porque na verdade é a caçamba de uma caminhonete. Tudo bem que tem banquinho e é coberto, mas é uma caçamba.
Agora eu estou numa rotina bem estável, vou todo dia para a aula, das 9 as 16, uma hora de almoço, tem aula de yoga depois quase todo dia, daí vou procurar algum lugar para jantar, me perco para voltar para casa e durmo cedo. Sou um anjo.
Eu e a minha coleguinha alemã de curso sempre almoçamos juntas, só que a nossa escola é afastada do centro numa área cheia de hospitais e escolas então é só na base do lugar típico (a Carol aqui ia estar tendo um treco) e a gente almoça com o pessoal uniformizado, tirei uma foto das enfermeiras, uma graça. Fotos abaixo também das conduções

domingo, 12 de agosto de 2012

Hoje é domingo, teu pai é um gringo

Cheguei na minha aconchegante cidadezinha onde vou passar no mínimo duas semanas, Chiang Mai, que é basicamente uma vila, para aprender as técnicas  da massagem Thailandesa. A Ásia traz algo de nordeste do Brasil, além da pimenta tem duas estações: verão e chuva, que eles chamam de monções e estamos nessa última agora. Então chove todo dia impreterivelmente podendo ser chuvinha, chuvisco, tempestade, garoa não vi ainda. Bom para eles que precisam dessas águas para garantir as plantações para o ano todo. 
Quando estávamos em Bangkok tinha um restaurante vegetariano que a gente achou delícia e tinha curso de culinária lá, qual não foi a minha alegria em ver que eles têm uma unidade aqui em Chiang Mai e as donas são irmãs . Como é domingo e eu não tinha ponham nenhuma para fazer fui fazer o curso. Foi um barato e agora eu sei fazer curry, pad Thai, várias sopinhas típicas, molho de amendoim, que por sinal é uma delicia, um húmus de abóbora que eu não conseguia parar de comer e uma salada típica daqui que é de mamão verde. Quem estiver com tempo pode ver a receita da minha professora, antes ela canta a melô da salada de papaya, dá uma dançadinha e toca a fazer a receita, onze minutos de vídeo. Dá para ter noção de como passei minha manhã, foi divertidíssimo. A dona do lugar tem uma filhinha de cinco anos que ficava dando o ar da graça, cantando, comendo junto, uma fofa. 


O inglês dela é engraçadinho mas é o melhor que se acha por essas bandas. Eu suspeito que falantes de línguas tonais e com escrita logogramicas como o chinês e thailandês realmente tem mais dificuldade com aprendizado de outros idiomas estrangeiros. Momento Letras, passou. Sempre há as reminiscências das origens, não adianta. 
Ao todo foram dez receitas, comi um monte e ainda levei o que sobrou para casa. Eu muito burra esqueci de levar minha câmera, mas o marido da fofa além de ser super ajudante de cozinha, tirou fotos. Não sei se vou achar todos os ingredientes no Brasil, to botando fé na minha São Paulo querida que vai ter algum lugar vendendo pasta de chili da verde e da vermelha,  gengibre thailandes, massa de arroz para fazer rolinho primavera cru... Tá fácil! 

Quase todas as noites por essa Ásia afora eu e a Carol ouvíamos um som muito estranho, de algum bicho que a gente nunca conseguia ver e começamos a falar que eram as vozes na nossa cabeça. Eu estava jantando ontem no acima referido restaurante e ouvi o mesmo som e perguntei o que era. A tal menininha falou Geko, Geko! Trata-se de um lagarto e, gente, o som é bizarro. Eu estava preocupada com a minha saúde mental por isso fiquei aliviada em saber o que era e tem vídeo e tudo, esse são só 20 segundos, vá lá: 

http://www.youtube.com/watch?v=2wsKoYspJ94&feature=youtube_gdata_player

Para chegar até aqui meu avião fazia escala em Kuala Lampur e como já tive o suficiente de dormir em banco de aeroporto dei um pulo até a cidade mas mal deu tempo do dormir. Só deu para ver que é uma cidade bem grande, bem muçulmana, uma coisa São Paulo meets Ásia. Algumas coisas que fazem você lembrar muito de São Paulo, tipo o trânsito, mendigos na rua e tem coisas bem asiáticas, como  o trânsito e restaurantes na calçada. 
Aproveito para lembrar dos papais do meu Brasil, em especial o meu gatão, fofo, querido, bravinho, churrasqueiro e cozinheiro de mão cheia, caminhante, viajadeiro, plantador de tomates e morangos orgânicos, que me ensina muito e que eu amo de paixão.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

...

Estou com bloqueio. Pode rir, eu sei que é só um blog, conta logo as coisinhas que você tá fazendo aí e boa, mas primeiro é que anda acontecendo umas coisas tão incríveis que eu não sei como descrevê-las sem ficar piegas e de forma que o leitor acredite. Segundo que estou lendo Machado de Assis e esse homem faz com que qualquer humano a se aventurar pelo caminho das letras fique acuado que até receita de bolo deveria ser transmitida só oralmente depois dele.
Eu sei é que eu estou nessa bolha de felicidade que se chama Ubud e realmente é mais fácil ser feliz aqui, porque tem várias coisas que eu gosto e acontecem as coisas mais legais, mas nem por isso eu não me importo nem solidarizo com os problemas dos que me são caros. Eu sei que daqui não posso fazer muito. Mesmo estando perto não sei se posso fazer muito, mas o que eu posso fazer eu faço, que é desejar que coisas boas aconteçam e depois tentar convencê-los que é possível. Há um ano atrás, exatamente, se alguém me dissesse que eu estaria viajando, feliz, fazendo tudo que eu estou fazendo eu não ia acreditar de jeito nenhum.
Como faz vários dias que eu estou no mesmo lugar estou colocando algumas fotinhos das coisas daqui, não tem novidade nos lugares. Mas hoje parto para a Thailandia com uma escala tão grande na Malásia que eu vou ter tempo de passear, segunda começo um curso de massagem Thailandesa e neguinho vai entrar no tapa para ser meu amigo e ganhar uma!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Vida boa vida imensa

Agora que eu não estou fazendo muito estou tendo mais contato com o povo daqui e é só diversão. Eles são extremamente enxeridos! Olhou, fez contato visual, pronto, é o suficiente para o interrogatório começar. A primeira coisa é, nego não sabe nem seu nome, note bem, onde você vai? Eu lembro que o Juca, que sentava do meu lado quando eu trabalhava no escritório, quando ele levantava eu perguntava Onde você vai? Ou onde é ele estava. Ele me olhava com desprezo e nem respondia e eu ria porque sabia o quão impertinente estava sendo, mas aqui não! O pessoal fala sério. Depois segue, onde estou ficando, qual o nome do hotel, (como se eu soubesse) que dia eu cheguei em Bali, quantos dias vou ficar... Oh brow, nem a minha mãe tá sabendo tanto! Daqui a pouco eu vou dar o número de telefone de um nativo e ela vai poder ligar para ter notícias minhas. O o tio que foi me levar de moto-taxi para um outro bairro ver preço de pratas foi campeão. Eu falava, me espera aqui que eu vou nessa loja e já volto, não só ele ia atrás como entrava na loja, perguntava quanto eu tinha pagado, ficava dando palpite ai...! Ommmmm vamos praticar a paciência, Renata!
Nas relações humanas eu parto do princípio diplomático da reciprocidade. Falou comigo na sua língua bizarra vai me ouvir em português. Começou a fazer muita pergunta vai ter que responder também, simples. No fim está sendo ótimo, porque muda de assunto e eu descubro várias coisas. Ou então eu minto mesmo.
No geral eu estou desfrutando de uma vida muito tranqüila aqui. Faço coisas legais tipo ir em aulas de yoga de estilos diferentes, descubro restaurantes super naturebas novos a cada dia, ajudo a minha amiguinha alemã sendo cobaia na aula de Reiki Kundalini dela com o curandeiro, escrevo, leio, levo roupa para lavar, faço comprinhas e algumas coisas turísticas tipo ir ver dança Balinesa. Não há do que reclamar mas também não há muito para contar, então nada mais de ser assaltada por macacos ou coisas interessantes do tipo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Macacos Me Mordam

DESENCANADOS S.A.

Estamos em Ubud, um distrito ou bairro de Bali e é uma gracinha. Tem vários restaurantes vegetarianos, lugares de Yoga e lojinhas, será que eu gosto? Agora eu e a Carolina estamos gostando de provar sobremesas que não são cozidas, aqui tem essa onda de raw food. O povo é tudo meio hiponga, mas é new hippie, tudo muito mudérno, aquelas tiazinhas alemãs de cabelo branco comprido, saia comprida, subaco cabeludo. Hoje eu conheci uma assim, professora da aula de Kundalini Tranta Yoga que eu fiz, cada coisa que o povo inventa, mas foi interessante. Aí as lojas são tudo nessa linha, aqueles tecidos moles e confortáveis. A Carol falou que está meio receosa de me deixar aqui e eu fazer uns dreads no cabelo e por aqui ficar. No hotelzinho que estamos ficando tem um healer, que é meio um guru, faz uns reikis, massagens. Aliás as casas são super interessantes, é basicamente um pequeno templo com vários puxadinhos em volta que a família toda mora ali. Nós estamos num desses puxadinhos. E eu tenho uma correção a fazer, apesar da Indonésia ser muçulmana, Bali é hinduísta, o que explica as oferendas nas ruas. Eu continuo tropeçando em algumas e hoje em uma loja eu derrubei uma no chão!!! Ai, meu karma! Também, a moça me deixa em cima do cabide dos vestidos?! Ela me disse que não tinha problema que o horário do ritual já tinha passado. Que bom que eu derrubei macumba vencida, vai que né...
AGORA O PONTO ALTO DO DIA
Tem uma rua aqui que acaba numa floresta que tem muitos macacos, que tem o criativo nome de Floresta dos Macacos. Estávamos passando por ela e eu já sabia que os macacos gostavam de pegar coisas dos turistas eu falei "Carol, guarda os seus óculos". A gente tinha acabado de sair da farmácia e ela estava com uma sacolinha que ela tinha comprado sabonete e absorvente. Mas o que ela não contava é que os macacos são rápidos. E agem em grupo. Um macaco puxou a sacola da mão dela, que arrebentou e caiu tudo no chão (inclusive os óculos) e o outro macaquinho saiu correndo com o pacote de absorventes na mão. O meliante ainda foi motivo de disputa com outros elementos da gangue, que cobiçavam a mercadoria surrupiada, temos fotos para provar o caso.
Amanha de madrugada a Carol vai embora e além de ficar sem minha companheira de viagem ainda vou perder uns 4 dos meus 10 leitores, contando com a minha mãe já, que são os amigos dela que nos acompanham. Adeus, pessoal! Obrigada pelos comentários enviados através da Carol, se quiserem continuar lendo, estamos aí, ta?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

La Isla Bonita

Só hoje encontramos nossa amiguinha alemã que conhecemos no barco. Passou uma menina de bicicleta e eu estava pensando, nossa que menina mais linda e escutei meu nome e a moça bonita era amiga da nossa amiga. Fomos tomar café da manha e eu fiquei um tempão conversando com a bonita, que chama Rose e além de estar fazendo doutorado é modelo, lógico, bonita daquele jeito. Eu sei que já mencionei que aqui é lindo, que as pessoas são lindas mas não custa reforçar. Até porque a gente fica olhando e não acreditando mesmo depois de vários dias como algum lugar pode ser tão incrível. Dá vontade de sair dela só para poder admirá-la de longe. É exaustiva e incansavelmente bonita.
Aí a Rose foi me contando que faz o Phd dela em artes e está estudando alguns aspectos da ilha para aplicar no nos estudos dela lá então eu pude fazer várias perguntas que eu tinha:
Aqui tem muitos gatinhos e muitos deles tinham o rabo cotoco e eu e a Carol ficamos inventando mil teorias do porquê, se era um costume muçulmano, se eles achavam bonito, eu até falei que no mínimo rabo de gato era uma iguaria culinária, haha. Enfim, ela explicou que é uma mutação genética e como os gatinhos não vêm nadando para cá eles cruzam entre si e tem vários sem rabo. Outra coisa que eu e Carolina sempre discutíamos era sobre a água. Vários hotéis têm escrito nas placas, tipo ar-condicionado, café incluso e "fresh water". Traduzindo literalmente temos "água fresca" mas como a água no nosso hotelzinho é meio salgadinha eu achava que era água doce e a Carol achava que era água fria, porque quando tinha água quente ele colocavam nas placas fazendo propaganda. Mesmo eu obviamente tendo razão e dizendo que ninguém ia fazer propaganda negativa dizendo olha, só temos água fria meu irmão, chupa essa manga ela não se convencia. No fim a Rose explicou que a ilha só pôde ser recentemente habitada devido ao desenvolvimento do processo de dessalinização mas é caro e nem todos têm acesso e tal, por isso colocam nas propagandas. Por coincidência vamos voltar no mesmo dia que a Archie, a alemã (eu não tenho a menor idéia como escreve o nome dela e ACHO que é assim que se fala) e se tiver vaga vamos ficar no mesmo lugar que ela lá em Ubud, nosso próximo destino e último meu e da Carol juntas. Antes temos que achar um guru e disseram que Ubud é O lugar para tal. Hoje vamos fazer um passeio para as outras ilhas, que devem ser tão lindas quanto.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Aí sim

Pronto, eu achando que Bali não era grande coisa não vou nem ficar falando muito, só vou dar a definição que uma alemã fofa que a gente conheceu no barco deu: era isso que eu pensava quando era pequena e ouvia a palavra "ilha". Estamos em Gili Trawangan e não dava para ser mais bonito. Estou quase superando a Tailândia. E agora vejam as fotos e pronto.

Para uma Terça tá bom né?

Estamos então nessa ilha linda , cheia de gente linda, tem mais loiro aqui que na Alemanha. Eu tinha pensado em voltar aqui com o meu namorado mas estou repensando a idéia porque é um tanto de mulher bonita que eu não sei se minha auto estima dá conta. Ontem eu resolvi dar ima caminhada, Carolina não quis ir, claro, e eu andei andei e andei até um ponto que eu comecei a me perguntar que tamanho era a ilha e se dava para andar inteira, ai chegou uma hora que não dava mais para andar pela praia e eu tive que ir pela estradinha ( que só passa charrete e bicicleta, aqui não tem moto muito menos carro), só que eu estava descalça e só de biquíni, afinal era uma caminhadinha e as coisas começaram a ficar mais habitadas. Nesses lugares por onde passamos geralmente tem gente muito bonita e estilosa, mas tem muito bicho - grilo que desencanou da vida e eles andam descalços, na rua com o maior calor e eu e a Carol sempre ficamos tirando sarro uma da outra, que é melhor a gente descobrir o que quer ser quando crescer senão vai ficar assim. Aí toca eu andando descalça eu pensei pronto, virei uma dessas. Graças à minha padroeira do brilho gloss que eu estava de biquíni de lurex!!! Imagina? Tradução para os eventuais bofes que leiam o meu blog: lurex é um tecido que brilha. Estamos nessa vida dura de acordar e ir para uma das praias mais lindas que eu já vi na vida... Depois temos que tomar duras decisões tipo o que vamos almoçar, se vamos mergulhar ou dar uma dormidinha, se eu tomo cerveja ou vinho branco gelado, qual sabor de sorvete provar, sei não viu...

domingo, 29 de julho de 2012

Pisei no despacho e saí cantando

Bali então. Estamos achando bem bonito e tal, mas parece não estar na época de ondas porque está um mar bem tranquilo. Bom, se eu fosse surfista e me abalasse até aqui e visse esse mar eu ia ficar puta. Tanto que tem gente dos 4 aos 60 se aventurando nas primeiras ondas. Mas por enquanto acho que Floripa não perde em nada de beleza para as praias daqui, amanhã vamos para umas ilhas chamadas Gili, vamos ver. A Indonésia é a maior nação muçulmana do mundo sem um governo islâmico, mas eles são bem relax e têm uma herança budista e hindu muito forte ainda num sincretismo maluco. Dá para ter uma base no fato de a noite eles espalharem várias oferendas pela rua, ainda não descobri para quem, fotos abaixo. O problema é que as ruas quase não têm calçadas direito e eu já pisei em umas várias dessas macumbinhas. Aí eu decidi que chutar o despacho dá sorte, mas tem que ser sem querer e aqui em Bali. Toda vez que eu esbarro em um eu fico pensando nas coisas boas que vai me trazer: saúde, sorte, mais amor ainda, paz, dinheiro e wifi. Eu e a Carol amamos wifi. A gente fica sonhando com o dia que wifi vai ser igual a eletricidade, eu acho um desaforo colocarem senha na conexão, pessoas sem noção de inclusão digital!