domingo, 9 de setembro de 2012

Karma Yoga for Dummies

Aos domingos não temos as atividades da semana no ashram, meditação, aulas de yoga, palestra. Aí ontem o professor me vira e fala: amanhã de manhã temos Karma Yoga, que é um tipo diferente de prática. Ok, seis e meia da manhã, repetindo, seis e mia da manhã de um domingo, estou eu lá e o pessoal começa a trazer balde, aspirador de pó, panos. É para a gente limpar o lugar! Karma Yoga, aprenderam essa, crianças? Quando eu for pedir um favor para alguém vou dizer: Você quer praticar Karma Yoga? Eu iria com a pureza do meu coração fazer o trabalho desinteressado, eu já havia me preparado para isso e sabiabque ua acontecer em um ashram, mas chamar de Karma Yoga é uma coisa que só na Índia mesmo.
Para ir do meu quarto ao lugar onde é o salão de meditação ou as aulas de yoga, eu tenho que subir por um caminho que tem grades ao lado e em cima, fechando o caminho todo e não tinha entendido o por quê. Até outro dia quando eu estava andando e tinha muitos, mas muitos macacos na grade fazendo macaquisse. Até aí tudo bem eu fiquei olhando, "que fofos, os filhotinhos", parecia até um zoológico, quando eu vejo uma pedra, de um tamanho bem bom que um dos danadinhos arremessou! Em mim, uma praticante de Karma Yoga!! Outra hora eu estava sentadinha esperando a meditação começar e um deles passou, solitário. Ele olhou uma das torneiras do jardim, abriu e começou a beber água, parecia gente! Tudo bem que ele não fechou eu achei isso extremamente anti-sustentável da parte dele. Quem quer que seja que não acredita em Darwin (como se fosse uma coisa para não acreditar) nunca observou um bando de macacos por um tempo. Aqui então, eu ando achando os macacos super mais mentalmente evoluídos que muita gente, mesmo jogando pedra e tudo. Eu fico repetindo para mim mesma, tentando me convencer: é cultural, é cultural, Renata. Mas cada coisa... Que nem uma mania engraçada de balançar a cabeça para os lados que ela têm, mas não como se estivesse dizendo não, é como se estivesse alongando as orelhas, só que abrandando bem rapidinho. Mas isso eu já sabia, tinha até naquela novela das Índias, agora, o que eles fazem muito é te responder que sim mas fazer não com a cabeça! Eu me sinto falando com o Chaves. Dialogo entre Chaves e Chiquinha.
Agora eu fiz uns amiguinhos lá do Ashram, inclusive ontem fomos a um restaurante com apresentação de música. A música era legal e eu estava morrendo de fome, nosso grupinho consistia em uma menina japonesa super querida, Taeko, um menino japonês super engraçado que imita os indianos falando e a gente morre de rir e o Bruno, um cara francês daquele que já desencanaram da vida, já morou no Nepal, aqui na India... Bom, aí que eu estava super curtindo a comida, o Bruno vira e fala - olha um rato e cai na risada. Incrível como fome pode ser muito psicológica mesmo, naquele segundo a minha fome passou! Mágica!
Eu estava querendo muito ir para Dharamshala, uma cidadezinha aqui mas o cara da agência de viagens falou que o ônibus demorava 14 horas e que não tinha trem direto. 500km em quatorze horas, na Índia? Minha vontade passou na hora, como mágica. Bem que tinham me falado que a Índia é uma terra magica! Mas eu comentei com o Bruno e ele está indo para Dharamshala na Terça, de trem depois ônibus. Vai ser uma missão, mas pelo menos vou com uma pessoa que já conhece. Essa é a cidade que o Dalai Lama mora quando não esta viajando pelo mundo, ou seja quase nunca.

Num dos meus últimos dias na Thailandia eu vi umas meninas correndo descalças, mas correndo mesmo, na pista de corrida. Eu comentei coma minha professora de massagem e ela disse que é muito melhor assim, que a gente inventa de colocar tênis e o corpo vai se acostumando até que a gente acha que se não usar tênis não vai ter amortecer o suficiente mas que o corpo foi feito para isso mesmo. Eu achei pertinente. Aqui na Índia eles não usam muito calçado algum, só que o que eu vejo de gente torta, tudo manquetola! Então não sei se concordo mais com o pézão no chão o tempo todo. E também que nojo andar descalça aqui, os germes vão entrando até no meu pensamento. Eu não posso nem falar muito nisso que eu estou de luto, eu tomei uma chuva daquelas de ensopar outro dia e nem a impermeabilidade do meu tênis resistiu. Eu até aproveitei para dar uma lavada nele, mas como demorou muito para secar ele esta com cheiro de cachorro molhado que dor no coração! Pois é, sou apegada no bichinho mesmo! Nele e na saúde dos meus pés e minha saúde mental do nojinho que eu fico de pisar nessa imundície. Aqui nesse país todo espiritualizado, eu fico tendo esses pensamentos muito elevados, pão de queijo na chapa com requeijão, usar salto alto, ir ao cabeleireiro, pintar as unhas de vermelho, arroz e feijão só de lembrar quase choro. Eu acho que as pessoas falam que a India ajuda a elevar o espirito porque aqui precisa de tanta, mas taaaanta paciência para tudo e qualquer coisa que depois tudo parece fichinha. Quando escutava história de gente que chegou e foi embora imediatamente, no próximo vôo e pensava, nossa mas que povo intolerante! Pessoal que foi embora, agora eu os entendo.

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